COMO VOCÊ VÊ O SEU MUNDO?

Marcos Pontes
03/09/2008

Uma coisa é certa, nós não vemos o mundo da mesma forma. Cada um de nós tem uma história de vida diferente, repleta de experiências únicas. Além disso, simplesmente somos “pessoas diferentes”!

Assim, o que pode ser extremamente importante para você, pode não significar absolutamente nada para algum conhecido seu, e vice-versa.

Você pode estar se perguntando nesse momento, e daí?

Muita coisa! Já reparou como o mesmo evento pode ser interpretado de maneiras diferentes por diferentes pessoas?

O evento foi o mesmo, mas produziu diferentes emoções, diferentes respostas, etc.

Por que?

Ocorre que, todos nós, baseados nas nossas experiências passadas, assim como nos nossos próprios desejos e necessidades presentes, desenvolvemos um determinado, e exclusivo, “circuito mental”, um tipo de modelo virtual do nosso “mundo imaginário”, pronto para comparar e interpretar o mundo real lá fora. Isto é, cada um de nós irá desenvolver um modelo mental para raciocínio que, em resposta a um estímulo externo, irá classificar as partes, ou mesmo a totalidade, daquele certo evento.

Com isso, será criado em nosso cérebro um determinado “rótulo”, atribuindo àquele fato alguns nomes, adjetivos, intensidade de atenção, e até possíveis causas e conseqüências perante as nossas expectativas.

Esse pensamento fica interessante quando percebemos que todas as nossas preocupações, medos, ansiedades, traumas, etc, são resultado de uma ou mais dessas interpretações agindo na nossa mente. Tudo analisado pela ótica do nosso modelo mental.

O que aconteceria se, hipoteticamente, pudéssemos mudar a nossa maneira de enxergar os fatos e situações que nos rodeiam? Algo como tirar os óculos que usamos há tanto tempo, e colocar outro, mais corretamente diagnosticado para algum problema particular de “visão”.

De repente, seríamos surpreendidos pela clareza dos fatos. Poderíamos ver claramente que as nossas atitudes e comportamentos não têm sido os ideais para a situação corrente.

Quanta coisa mudaria, não é mesmo?

Instantaneamente você ficaria mais aliviado, mais tranqüilo, mais produtivo, menos estressado, mais feliz.

OK! Então, quais seriam algumas perguntas chaves?

• O que têm interferido na sua visão do mundo?

• Quais experiências passadas ainda têm o poder de influenciar negativamente sua interpretação de eventos presentes?

• O que tem estado constantemente em sua mente, centralizando sua vida e norteando suas ações e reações?

• Será que você está apoiando sua vida em algo estável?

• Ou estaria você “construindo uma casa” sobre a areia?

Focalizar a vida em apenas satisfazer os amigos, ou viver para um(a) namorado(a), ou para conquistar bens materiais, ou para ter poder, etc. Tudo isso é passageiro e instável. É como areia movediça.

Nossas atitudes e ações têm de ser norteadas por virtudes. Isto é, princípios imutáveis como honestidade, amor, lealdade, etc. Esses nunca mudam com o tempo, ou com a vontade de outra pessoa. São como leis da física, como a gravidade, não importa se você é preto, branco, católico, protestante, alto, baixo, etc, ela vale para todos nós...e nunca se transformam com a “moda”.

Ainda, note que qualquer objetivo pode ser obtido pela aplicação persistente e regular de alguns princípios. Quais? Isso vai depender da tarefa, da situação, etc.

O importante é que saiba o que quer e identifique quais são as suas verdadeiras virtudes. O que te move e motiva realmente?

As suas verdadeiras virtudes devem ser a estrutura de seu modelo mental do mundo. Isso vai automaticamente desenvolver um senso de propósito para a sua vida, colocando uma atitude positiva e produtiva em seu comportamento. Não se importe com os outros, com as outras opiniões, com a moda, com nada passageiro. Tenha algum tempo sozinho para pensar sobre as suas virtudes mais profundas. Use-as no dia-a-dia. Faça delas a lente dos seus óculos da mente, pelos quais você verá e interpretará o mundo real a sua volta. Este será tão bom, ou tão ruim, quanto serão as suas virtudes.

 

Marcos Pontes
Colunista, professor e primeiro astronauta profissional lusófono a orbitar o planeta, de família humilde, começou como eletricista aprendiz da RFFSA aos 14 anos, em Bauru (SP), para se tornar oficial aviador da Força Aérea Brasileira (FAB), piloto de caça, instrutor, líder de esquadrilha, engenheiro aeronáutico formado pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), piloto de testes de aeronaves do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), mestre em Engenharia de Sistemas graduado pela Naval Postgraduate School (NPS USNAVY, Monterey - CA).
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